• domingo, setembro 06, 2020

                    Richard prendeu o fôlego ao revelar para a amiga a verdade sobre sua origem, a Chikorita o encarou com a expressão de surpresa, mas não disse uma palavra. Kiri parecia estar processando a informação em sua mente. O silêncio permaneceu por um tempo incômodo, então o Riolu decidiu falar.

                    — Não vai dizer nada?

                    — Você pode achar estranho, mas... Eu acho que isso explica algumas coisas.

                    — Que coisas?

                    Kiri contou a ele os detalhes da luz que havia visto no céu na noite anterior ao dia que ela junto com Neil o encontraram na floresta. O fato de que Richard não era um Pokémon apontava na mente dela que esses dois eventos não eram coincidência e sim acontecimentos relacionados.

                    — E eu achando que você não ia acreditar em mim quando na verdade teve esse “sinal” o tempo todo.

                    — Bem, a primeira coisa que você falou pra mim quando nos encontramos foi perguntar se eu realmente falava, não é como se eu nunca tivesse pensado a respeito. — Ela riu, ele também em seguida.

                    — Eu realmente sou estranho demais pra um Pokémon.

                    — Você é legal quando não ta sendo estranho eu te garanto.  — Ambos continuaram rindo, logo ela continuou. — Então, como é?

                    — O que?

                    — Ser você.

                    — É estranho. — Começou. — No início foi um choque por que meu corpo ficou muito diferente, acho que tive sorte de ter me tornado um Pokémon bípede.

                    — E qual a diferença, do que você era antes para o que é agora?

                    — Eu acho que consigo sentir muito mais o mundo a minha volta, talvez seja por que sou bem menor. É difícil de explicar, mas não é uma sensação ruim.

                    — E o lugar de onde você veio, você se lembra não é?

                    — Sim, me lembro... — Ele pensou um pouco. —... Aqui é mais bonito, lá tem menos verde e mais cinza e não conseguimos ver tantas estrelas no céu durante a noite. Apesar de tudo, tem coisas boas por lá também.

                    — É verdade que existem humanos que treinam Pokémons para batalharem?

                    — Sim, mas não é como se o Pokémon fosse forçado a isso... Na maioria dos casos... A maioria deles trata muito bem os Pokemon que os acompanham.

                    — Você não era um desses?

                    — Ah... Na verdade não, é uma longa história.

                    — Entendo... — Ela olhou de lado.

                    Ambos ficaram calados por uma questão de minutos, então Kiri falou.

                    — O que você vai fazer agora?

                    — Não é como se eu tivesse muitas opções. — Ele abaixou a cabeça. — Não tenho qualquer pista do que fazer pra voltar pra casa, então o que me resta continuar minha vida por aqui.

                    — Mas e a sua família?

    Richard não respondeu, Kiri desceu da cama e se sentou bem á frente do Riolu.

    — Nós vamos ajudar você. Eu e o Neil vamos buscar as respostas que você procura.

    — Eu não posso pedir pra vocês fazerem isso.

                    — Então vem com a gente. — Ela se animou. — Entra pra nossa equipe, quanto mais forte nos ficarmos, para mais lugares distantes nos vamos e talvez de alguma forma você encontre um jeito de voltar.

                    — Parece bom, mas... Eu posso fazer isso? Quer dizer, sem mal ter treinado.

                    — Na verdade a Ciara tava querendo que a gente te chamasse, eu to só aproveitando a oportunidade. — Ela ri.

                    — Malandrinha. — Riu também. — Mas eu gostei do que você me disse, acho que faz sentido. Se eu quero voltar eu preciso conhecer mais sobre esse lugar.

                    Richard estendeu a sola da pata, Kiri colocou a própria sobre a dele, ele improvisou um ‘aperto de mão’ e ambos trocaram sorrisos confiantes. De repente as orelhas caninas do azulado se mexeram e a atenção do mesmo se voltou para um canto escuro e vazio do cômodo.

                    — O que foi?

                    — Nada... Eu acho que... Esquece. — Ele parou por um momento. — Onde estávamos?

                    — Bem vindo à equipe.

                    — Não cheguei a perguntar, mas “A equipe” tem um nome?

                    — Bem a gente queria colocar um nome, mas não conseguimos pensar em nada. Se tiver uma sugestão.

                    — Eu te conto quando pensar em algo. — Ele se colocou de pé. — Poderia não falar pro Neil sobre mim?

                    — Por quê? Eu conheço ele há muito tempo, ele não ia sair contando pra todo mundo. — Ela inflou as bochechas.

                    — Não é isso. Eu quero contar eu mesmo, já foi difícil falar pra você. — Ela relutou, mas confirmou com a cabeça. — Obrigado.

                    — Não demore, se ele ficar bravo comigo por achar que eu escondi alguma coisa você resolve.

                    — Você quem manda.

                    A conversa dos dois prosseguiu por mais algum tempo, Richard falou um pouco mais sobre como foi o choque de acordar e não ser mais humano e como teve que se adaptar a coisas que nunca imaginaria que poderia viver. Kiri falou um pouco do seu ponto de vista e das reclamações que Neil sempre fazia quando ela queria ajudá-lo que rendeu boas risadas. Havia se passado muito além do anoitecer quando o Riolu enfim decidiu descansar.

                    — Chegou minha hora. — Bocejou enquanto ia em direção á cama de feno. — Obrigado por me deixar ficar aqui.

                    — Não foi nada, senhor humano.

                    — Sabe uma diferença entre os humanos e os Pokémons? — Ele se deitou com o rosto para cima e logo Kiri juntou-se a ele.

                    — Qual?

                    — Entre si, os humanos se importam pouco uns com os outros, mesmo os que vivem em uma mesma vila ou algo do tipo. Você precisa ser individualista e cuidar de seus próprios problemas. — Fez uma pausa e continuou. — Pokémons são estranhos, mesmo que vocês me conheçam há pouco tempo, me ajudaram e me acolheram como amigos.

                    — Talvez os humanos devessem aprender com a gente.

                    Ele riu.

                    — Concordo.

                    Os dois se desejaram boa noite e se deitaram de costas um para o outro e logo ambos caíram no sono. Muitas horas se passaram e logo um novo dia ia chegando com o surgimento do sol no horizonte, Kiri acordou primeiro e o Riolu despertou pouco tempo depois, ambos fizeram seus preparativos para o que estava por vir.

                    — Kiri já ta pronta? — Uma familiar voz vinda do lado de fora falava.

                    — Sim, pode entrar.

                    — Bom dia. — A ave surgiu na entrada, ele notou a presença de Richard e olhou para o mesmo. — Por que não apareceu lá em casa ontem?

                    — Eu decidi passar a noite aqui. A Kiri implorou que eu ficasse.

                    — Mentir é feio. — A esverdeada resmungou.;

                    — Eu quis ficar por aqui mesmo e ela deixou. — Ele se corrigiu.

                    — Vamos? — Kiri se aproximou dos dois, então falou com Richard. — Temos que confirmar sua entrada.

                    — Entrada? — Neil questionou. — Quer dizer que...

                    — Sim, eu vou fazer parte do time de vocês. — Falou o Riolu. — Espero não fazer muita bobagem.

                    — Você vai ser ótimo, se a Ciara acredita em você eu acredito. — Kiri sorriu no seu ânimo de sempre.  — Agora vamos.

                    Ao chegar ao dojo eles foram para a mesma sala onde Richard havia feito o registro dias antes, apenas o Nuzleaf conhecido como Elon estava por lá tomando conta dos procedimentos necessários, depois de esperarem por alguns outros Pokémon terem suas questões resolvidas eles finalmente puderam concluir a entrada de Richard na equipe.

                    — É isto, você é o mais novo membro das equipes de resgate. — Após anotar mais alguma coisa no papel ele começou a guardar os objetos.

                    — Caramba, muito legal. — Olhou para seus dois novos companheiros de time e sorriu.

                    — Pegue. — O Nuzleaf entregou um papel para o Riolu com algumas anotações.

                    — O que é isso?

                    — Uma tarefa, preciso que vá até o armazém e ajude na arrumação, muitas equipes estão voltando de viajem hoje.

                    — Então nós temos que dar uma mãozinha lá?

                    — Eles não, só você. — Explicou. — Seus companheiros estão de folga.

                    — Ah sim, obrigado.

                    Então o trio foi para o lado de fora.

                    — Sua primeira missão, parabéns. — Kiri falou com otimismo.

                    — Eu vou ser faxineiro.

                    — Eles dão esse tipo de atividade pra quem é novo. — O Starly explicou. — Como você já ta com a gente você não vai ter muita tarefa desse tipo.

                    — E não se esqueça, toda tarefa importa. — A Chikorita completou. — Além disso, a dona do armazém é muito legal.

                    — Ok, entendi.

                    Eles começaram a notar uma certa agitação dentro do dojo, uma considerável quantidades de Pokémon se aglomeravam na entrada, cercando alguém que parecia ter acabado de chegar. Richard acreditou que era a equipe A.C.T voltando de uma missão, mas na verdade ele estava enganado. Quem liderava o trio era um Pokémon roxo do tipo fantasma, ele era bípede possuindo um corpo grande e dois pares de membros mais curtos, seu rosto tinha dois grandes olhos vermelhos além de um grande sorriso cheio de dentes que parecia inalterável. Ao lado esquerdo do Gengar um Meditite se aproximava flutuando e ao seu lado direito um Ekans rastejava.

                    — Quem são eles? — O Riolu pergunou.

                    — Aquela é a Equipe G.E.M — Explicou Neil.

                    — Todas as equipes usam siglas no nome?

                    — Não são todos os nomes que vão formar alguma coisa. — O Starly respondeu, então prosseguiu. — Eles não chegam nem perto dos A.C.T, mas eles tem bastante carisma, por isso muita gente gosta deles.

                    Richard pode sentir o olhar do Gengar passando por ele, no mesmo instante o tipo fantasma pediu para abrirem espaço para ir até o Riolu. O roxo se aproximou flutuando, Richard ficou estático sem saber como reagir.

                    — Então você é o Pokémon que escutei falarem por aí. — A voz dele soava normal, mas ao mesmo tempo era como se uma segunda voz sussurrasse as palavras que ele dizia ao mesmo tempo que ele, seu sorriso oscilou.

                    — Falam de mim por aí?

                    — Não gosta da fama?

                    — Eu prefiro não ser o centro das atenções.

                    — Eu entendo como é.

                    Richard inclinou a cabeça para o lado, observando os Pokémon que foram conversar com o Gengar assim que o mesmo apareceu por ali. Então ele respondeu:

                    — Não parece.

                    O Gengar começou a rir.

                    — Você é gente boa, meu nome é Dolan. — Olhou para os parceiros de Richard e os cumprimentou também. — Espero que ninguém esteja causando problema com você.

                    — Não, to tranquilo.

                    O sorriso do Gengar aumentou.

                    — Isso é bom. Eu tenho que ir agora, até mais.

                    — Até.

                    Ele se despediu de Kiri e Neil e se juntou aos colegas de equipe, indo em direção aos corredores mais internos do dojo, logo sumindo do campo de visão do trio.

                    — Isso foi um pouco estranho. — Richard falou, voltando sua atenção para seus companheiros. — Ta tudo bem mesmo?

                    — Ele é desse jeito mesmo. — Kiri explicou. — Não se preocupa.

    Os três riram da situação que acabara de ocorrer e logo começaram a andar em direção ao lado de fora do dojo, a Chikorita achou uma boa idéia acompanhar Rick até o armazém, o Riolu agradeceu mentalmente uma vez que ele nem sabia onde teria que ir e não precisaria perguntar. O local era bem próximo, ao chegarem Richard pode ver que a entrada da construção era composta por um balcão com um espaço aberto perto da parede para ser possível entrar e sair. O teto era tão elevado quanto o teto do dojo, do lado de dentro havia várias prateleiras de madeira dividida em diversas seções, os corredores entre as prateleiras se estendiam bastante para o fundo do estabelecimento.

                    — Esse lugar parece menor do lado de fora. — Comentou o azulado.

                    — Todos dizem isso. — Uma voz feminina e mais velha veio do lado de dentro e logo eles viram uma alta criatura bípede de pele marrom, o topo da sua cabeça parecia bastante duro e na altura da barriga ela tinha uma espécie de bolsa que estava vazia. A Kangaskhan empurrava uma caixa para o canto. — Qual de vocês é o sortudo que vai me ajudar hoje?

                    Kiri e Neil indicaram para Richard que estava entre os dois.

                    — Ah o tal do Riolu, finalmente mandaram um tipo lutador pra cá. — Ela se aproximou do balcão e estendeu a pata para o canino que retribuiu e os dois fizeram uma espécie de “aperto de mão”. — Eles pensam que fazer as coisas aqui é fácil e acabam mandando qualquer um, meu nome é Elda.

                    — Richard. — Ele observava o quanto a pata dele era menor do que a dela, ainda assim ela tinha o cuidado de não esmagá-lo. — Vai ser um prazer... Eu espero.

                    — Você vai se sair bem. — Kiri falou de forma otimista. — Agora estamos indo, até mais tarde.

                    O azulado se despediu e viu seus companheiros se distanciando aos poucos.

                    — E agora?

                    — Não vou mentir garoto, tem muito trabalho hoje. Várias equipes de resgate voltaram de missão e as coisas tão bem agitadas aqui. — Ela andou até a caixa que estava empurrando anteriormente e sinalizou para Richard vir para o lado de dentro.

                    — Que tipo de coisa as equipes de resgate trazem?

                    — Pedras evolutivas, dinheiro, itens que ajudam a melhorar o desempenho dos pokémons em combate e qualquer outra coisa que acharem interessante. — Elda tirou a caixa do canto e colocou entre ela e Richard. — Você não faz parte de uma?

                    — Comecei hoje.

                    — E te colocaram no grupo da Kiri? Devem ter visto algo em você.

                    — Eu acho que sim, não tenho certeza... A Ciara que me recomendou. — Ele coçou o lado da cabeça.

                    — Se é isso mesmo, aposto que vai se sair bem. Agora ao trabalho.

                    Ela mostrou o que tinha dentro da caixa, haviam várias bolsas feitas de algum tipo de tecido. Todas possuíam alguma identificação de quem a pertencia, o trabalho deles era organizar cada um dos itens nas respectivas seções que Elda também explicou para Richard como funcionavam. De longe não parecia, mas quando Rick se aproximou ele viu que a caixa era quase da altura dele.

                    — É bastante coisa em.

                    — Com certeza, mas você da conta, se quiser perguntar algo ou se não tiver aguentando mais é só gritar. — Ela pegou alguma das bolsas e foi para um dos corredores entre as estantes.

                    — Certo, vamos lá. — Ele tirou a primeira bolsa de dentro e começou a organizar.

                    Era como a Kangaskhan havia dito, havia pedras evolutivas e outros itens que ajudavam Pokémon quando se tratava de assumira próxima forma. Richard pensou sobre como ele mesmo poderia evoluir, ele não se lembrava de como Riolu se tornava Lucario, apenas que não dependia de qualquer objeto específico, não havia muito o que fazer em relação a isso então ele apenas deixou isso de lado.

                    — Com licença, Elda. — Ele falou sem ter certeza de onde ela estava, apenas torceu pra ela ouvir.

                    — Sim?

                    — Eu achei que Kangaskhans andavam com o...

                    — O filhote? — Ele confirmou e ela riu. — Isso é um erro comum, não temos filhotes o tempo todo e quando temos não andamos com ele o tempo todo. Agora ao trabalho.

                    Após um longo tempo, cerca de metade dos itens já havia sido organizado, algumas bolsas eram mais pesadas e Richard se surpreendia com a relativa facilidade que ele conseguia levantar as mesmas mesmo ele sendo daquele tamanho. Pelo que ele se lembrava ele teria que fazer muito mais esforço mesmo na forma humana. Ao pegar uma bolsa específica e ir arrumando os itens dela de acordo com o conteúdo, Richard encontrou algo curioso.

                    — O que é isso? — De dentro da bolsa ele tirou, pendurado em sua pata,uma fina corrente de metal enferrujada que se prendia a um outro pedaço de metal em formato de coração. Coração esse que já estava amassado e enferrujado.

                    — Hm? — Elda apareceu de repente. — Ah, esse deve ser o tipo de coisa que encontram pelas praias do continente. — Explicou. — É provável que isso tenha pertencido a algum humano.

                    — Como isso resistiu ao mar?  — Ele continuava olhando o objeto, perplexo.

                    — Não faço idéia. Pra que será que isso serve?

                    — Nós... — Ele se corrigiu rapidamente. — Eles colocam em volta do pescoço como uma espécie de enfeite.

                    — Humanos são estranhos.

                    Richard virou o rosto de leve para disfarçar a risada, então colocou o colar no lugar onde ele deveria ficar.

                    — Já sei o que vai dizer, ao trabalho.

                    — Pegou o espírito, mas já estamos aqui há um bom tempo. Pode dar uma pausa, tem frutas debaixo do balcão.

                    — Oh, obrigado.

                    Após comer e ter sua pausa, Richard voltou a ‘todo vapor’ para o serviço. Depois de terminar de arrumar os itens da caixa, a Kangaskhan chamou ele para ajudá-la mudar algumas prateleiras de lugar — essas que eram bastante pesadas —, mas Richard junto com ela estavam dando conta do trabalho.

                    — Você deve conhecer todo mundo já que tem um serviço tão importante né. — O Riolu comentou enquanto empurrava.

                    — Não posso dizer que eu conheço todo mundo, mas muita gente passa por aqui todos os dias.

                    — O que você pode falar sobre o Dolan?

                    — O Gengar? — O azulado confirmou. — Bem, eu sei que a equipe dele subiu de categorias bem rápido e que eles são bem populares.

                    — Ele é daqui?

                    — Pelo que eu sei ele já era um Haunter quando apareceu na vila.

    Eles terminaram de empurrar, ela suspirou por conta do esforço feito. Enquanto Richard sentou no chão para um descanso rápido.

    — Você conhece o... — Respirou fundo. — Whiscash no lago?

    — Não conheço muito, só que dizem que ele tem um grande conhecimento e tudo mais.

    — É sério?

    — Uma vez minha mãe me disse que a água e os Pokémons que vivem nela são os mais antigos que existem. — Ela se preparou para empurrar outra prateleira e indicou para Richard a ajudar. — E por isso muita gente pergunta coisas pra ele.

    — Interessante... Entendi, obrigado por responder.

    — Não foi nada, mas por que não perguntou pro Neil? Ele provavelmente sabe dessas coisas.

    — Nada... Não é nada. — Ele virou o rosto, logo se posicionando para ajudá-la.

    Elda não decidiu questionar, então eles voltaram ao trabalho pelo resto da tarde. Quando finalmente a tipo normal deu o trabalho do dia como concluído, Richard deitou no chão, ofegante, provavelmente nunca havia trabalhado tão pesado assim. A Kangaskhan também estava cansada, mas seu corpo se habituou ao seu trabalho e o cansaço já não a afetava tanto.

                    — Você... Faz... Isso todo dia? — Ele perguntou, olhando para o teto.

                    — Dias assim não são tão comuns quanto parece, você foi azarado. — Ela ri. — Mas você foi de grande ajuda, outros na mesma situação não aguentaram o ritmo e foram pra casa mais cedo.

                    — Se eu to aqui eu tenho que ir até o final.

                    — Gostei de você. — Elda sorriu, estendendo a pata para servir como apoio para ele se levantar. — Ta dispensado, vou garantir que ganhe uma recompensa por ficar até o fim.

                    — Muito obrigado por tudo. — Ele andou até a saída e se despediu da Kangaskhan.

                    Richard caminhou pela vila que estava colorida de laranja por conta da luz do por do sol, apesar do cansaço se sentia bem por ter tido esse dia de trabalho. Ele sabia que Kiri e Neil ainda vão ter mais um dia de folga, por isso torcia para que a próxima atividade que pegar não seja tão pesada. Distraído em seus pensamentos, sem nem perceber ele já estava entrando na casa de Kiri onde encontrou a Chikorita conversando com Neil no centro do único cômodo.

                    — Nosso faxineiro chegou. — Neil disse em tom de brincadeira, arrancando risadas dos outros dois.

                    — Como foi? — Kiri perguntou.

                    — Pesado, mas ela gostou de mim por eu ter aguentado o tranco. — Ele se jogou na cama sem pensar duas vezes.

                    — Eu disse que você ia se sair bem. — A esverdeada sorriu amigavelmente, o que ajudou a elevar o ânimo do Riolu.

                    — O que vocês fizeram o dia todo?

                    Os dois se entreolharam.

                    — Trouxemos uma coisa pra você. — Kiri foi até uma das paredes e pegou com a boca uma bolsa parecida com as que havia organizado no armazém. Ele nem notou que aquilo estava ali, Richard se sentou na cama para Kiri colocar o objeto no colo dele. — Já que vai fazer parte da nossa equipe, precisa de uma dessa.

                    Ele colocou a pata lá dentro e sentiu um pequeno objeto metálico, o Riolu então pegou e trouxe para fora. Era uma insígnia feita de prata circular com duas pequenas asas, tinha um desenho nela que lembrava uma Pokébola.

                    — O que é isso?

                    — A insígnia do nosso Rank! — A Chikorita falou animadamente. — Com ela você é oficialmente um de nós.

                    O Riolu encarou o objeto por alguns segundos em silêncio.

                    — Não gostou? — Neil perguntou.

                    — Não é isso... — Ele sorriu para a insígnia, então olhou para os companheiros, saltando para abraçar os dois juntos, um de cada lado. — Obrigado galera, vocês são demais.

                    Richard os soltou, ambos o olharam um tanto surpresos. Ele continuou:

                    — É uma das poucas vezes que sinto que me encaixo em algum lugar. — Ele voltou a olhar para a insígnia em sua pata. Algo dentro dele sussurra que ele não se refere apenas ao seu período como Pokémon.

                    — Own vem cá! — Kiri junto com Neil se aproximaram novamente para mais um abraço em grupo.

                    — Nós vamos ser os melhores e vamos viajar o mundo todo. — O azulado levantou a insígnia pro alto. — Isso se o Neil conseguir carregar a gente voando pelo mundo todo.

                    — Hehehe... Quando eu virar um Staraptor eu levo a Kiri nas costas e você pendurado nas minhas patas.

                    O dia escureceu e o trio conversou de forma animada por mais um longo tempo antes de finalmente irem descansar, Kiri ficou em sua casa com Richard enquanto Neil voltou para a sua própria. Os dois conversaram um pouco mais antes de caírem no sono, sono esse que chegou rápido para Rick depois do longo dia que teve. O trio partiu para terra do sonhos, um mundo que é apenas deles.

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    1. Eaeee Lucas, toda hora eu começava a digitar esse comentário, mas esquecia de terminar.
      Bem, achei bem legal a reação da Kiri, embora pensasse que ela fosse ficar um pouquinho mais assustada. Ainda bem que ela é um amorzinho <3. Agora o Richard fará parte da equipe de resgate uhuuuu vamo ver se ele vai apanhar muito. Bem, parece que não, vai só arrumar o armazem mesmo, pelo menos a Elda foi muito gente boa.
      Esse Gengar, sei não, pelo que eu me lembre ele apronta muito na história e tenho quase ctz que foi ele q escutou essa história do Richard. A treta vem, meu pai.
      O capítulo foi bem legal e tranquilo. Aguardo ansiosa pelas próximas missões (ou faxinas) do Richard.
      Abraços!

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